E se o Oceano
A primeira semana de residência para “La Fabrique des Petites Utopies” foi um desafio, uma corrida contra o relógio. Três dias para recriar, em uma versão franco-portuguesa, um espetáculo apresentado mais de 80 vezes. Re-dissecar o texto, traduzir algumas partes, coreografar em um novo espaço com uma decoração minimalista, pois nem tudo cabia na mala dos comediantes e do diretor. O grupo, então, precisou encontrar rapidamente seus novos marcos e se apresentar na frente do público no quarto dia, dando a ele apenas o tempo de fazer um ensaio geral algumas horas antes.
O desafio desta residência é ainda mais impressionante quando se considera o trabalho da atriz brasileira Tatiana Zalla, que se juntou especialmente a “La Fabrique des Petites Utopies” para este projeto na Villa Tijuca. Sem falar francês, ela participou da recriação de “Et si l’Océan” com seus novos parceiros de jogo. Parar durante as réplicas em francês, interagir através de suas próprias respostas em português, seus gestos, seu olhar, seus passos de dança… Uma comunicação que deve funcionar durante o espetáculo durante o espetáculo e também fora, durante os ensaios, quando a única língua comum é um inglês pontuado por algumas palavras em português.
A envergadura desta residência não a fez menos evidente para ser acolhida na Villa Tijuca, que visa reunir artistas brasileiros e francófonos ao redor do trabalho de criação artística. Tanto o processo de criação quanto o resultado final constituem o interesse das residências da Villa Tijuca. Eles vêm medir o potencial da criação interlinguística, da troca intercultural. “Et si l’Océan” parece tanto mais relevante quanto é um espetáculo para o público jovem contando a história dos Oceanos e de seu futuro. O Oceano Atlântico não é um oceano comum entre o Brasil e muitos países francófonos?
Paralelamente, “La Fabrique des Petites Utopies” realizou duas outras semanas de residência para a criação de um espetáculo completamente novo de magia para crianças: “O Mers Magiques”.
Dentro da rede das Alianças Francesas “Et si l’Océan” / “E se o Oceano” partiu em seguida em uma turnê por várias cidades brasileiras: Belo Horizonte, Ouro Preto, Porto Alegre, Niterói graças ao apoio da Embaixada da França no Brasil, do Institut Français e da Ville de Grenoble.